Tour 3 dias Salar do Uyuni: dicas e relatos para não passar perrengue
- Amanda Damasseno
- 5 de ago. de 2019
- 5 min de leitura
Desde que descobri que havia um deserto de sal na Bolívia, o tour entrou para os meus planos. No entanto, meu medo sempre foi passar trabalho. Por isso, neste texto vou trazer várias dicas e relatos que eu gostaria que tivessem me dado antes de colocar a minha bundinha na 4x4 por três dias.

Fechando o pacote
Preste muita atenção nessa parte! É sério! O que muita gente já sabe é que você pode começar tanto da Bolívia como do Chile e que na Bolívia o preço pode ser mais em conta. Porém, o que não te dizem é que tem muita diferença entre uma empresa e outra. Fechei meu pacote com a @deydnoatacama e foi a melhor coisa que fiz. Ela selecionou a empresa conforme o meu perfil. Não foi mais caro por isso, ela conhece as empresas certas e fez diferença demais no meu passeio. Durante a nossa travessia, muita gente relatava que o hostel era ruim, o carro não era bom, o guia era "mala onda", o grupo era estranho, a comida não era suficiente. Particularmente não tive problemas com nada disso!
Dormindo no caminho

Como já disse, faz toda a diferença adequar o seu nível de aventura com a travessia. Sou tranquila para muitas coisas, mas dormir em um local aceitável é bem importante para mim. A primeira noite, meu grupo dormiu em um hostel ok. Éramos seis pessoas, eu e minha amiga dormimos em um quarto com um casal de brasileiros e o casal de neo-zelandeses dormiu em outro quarto. A noite fez bastante frio. Tomei banho de lencinho umedecido, não pelos 10 bolivianos que teria que pagar, foi mais porque a água não esquentava suficiente e não dava coragem de tirar a roupa.
Já na segunda noite dormi em um hotel M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O, da própria companhia, com quarto semi-privativo, água quente, bolsinha de água quente, cobertores quentinhos e paredes interiores todas feitas de sal. Em ambos os casos, éramos as únicas pessoas hospedadas no lugares e passamos bastante tempo conversando, já que internet não há em nenhuma parte!
Comida
A comida não foi problema para nenhum integrante do meu grupo. De fato sempre sobrava comida:

- No primeiro dia, um café da manhã antes de sair do Chile; almoço com frango, salada, queijo branco, verduras salteadas e purê de batatas; chá, café e bolachinhas quando chegamos no hostel e sopa de legumes e carne acebolada com quinoa na janta.
- No segundo dia, tomamos café da manhã com chá, café, suco de caixinha e panquecas; almoçamos uma fartura com repolho com maionese de alho, salada de atum, pastel de papas (escondidinho), arroz, salada bem diversa e batata chips; ganhamos café, chá e bolachinhas quando chegamos ao hostel e na janta tivemos sopa de legumes, vinho, massa, frango ao creme de leite, verduras ao vapor e salada.

-No terceiro dia, tomamos café da manhã com pão, café, chá, e, como havia um integrante de aniversário, teve bolo também. Nossa última refeição aconteceu na cidade de Uyuni, com pollo a la plancha (um dos melhores que comi na vida!), verduras no vapor, massa, batata frita e salada.
*Tínhamos uma integrante vegetariana e sempre havia omelete ou berinjela à milanesa com queijo para ela. Ninguém passou fome, a comida era ótimo. Levei uns snacks e sugiro que leve também, com o mal de altitude é bom ter algo salgado para mastigar.

ÁGUA é muito importante, comprei um galão de seis litros para todos os dias e sobrou, mas não sou uma pessoa que toma tanta água no dia-a-dia. A empresa oferecia uma garrafa de água e outra de coca para todo mundo durante o almoço e em uma das jantas, por isso é importante que você tenha a sua própria reserva de água.

Roupas
Vai depender muito da época do ano. São essenciais:
- uma bota bem resistente;
- uma bota de chuva, caso você vá quando o Salar está despejado - que não foi meu caso;
- blusas e calças térmicas para por baixo;
- um moletom quentinho;
- um casaco bem pesado;
- roupa interior bem confortável;
- meias térmicas;
- tocas, luva e manta;
- biquíni ou calção de banho.
De forma geral faz muito frio! Você vai caminhar sobre pedras, gelo, água, grama, barro, caca de lhama... Em alguns lugares o vento será super forte e em outros o sol vai te queimar... Não pode ser fresco, mas também não é impossível resistir a tudo e vale a pena.
Itens pessoais
- protetor labial e pomada para assadura;
- protetor solar;
- óculos escuro;
- hidratante;
- soro para limpar o nariz (item importantíssimo);
- lenço umedecido;
- toalha de banho;
- papel higiênico.
É uma região seca, portanto a pele seca, o nariz seca, você se suja de areia e suja a roupa também. Limpe o nariz várias vezes com soro durante a viagem, coloque bastante protetor solar e labial! Em uma das paradas você pode tomar banho em águas termais, esteja preparado! Eu dormi com o maiô
por baixo para facilitar. Lembre-se de levar uma mochila com as coisas que você usará durante o dia, já que a mala vai presa com lona em cima do carro e você só terá acesso à noite.

Problemas com a altitude
Vou contar que fui muito cética com o relato das pessoas sobre os problemas com a altitude, não levei nada e achei que os sete dias me aclimatando em San Pedro de Atacama me ajudariam (momento em que a Amanda do presente dá uma risada na cara da Amanda do passado). Logo quando atravessei a fronteira Chile - Bolívia comecei a sentir dor de cabeça que foi aumentando. Em uma das paradas mais altas você tem a opção de ir as termas de Polques, eu tinha dormido de maiô, obvio que ia entrar.

Depois que saí das termas, tive que fazer um esforço para me vestir rápido sem mostrar minhas partes para os outros (tem vestiário, mas tenho problemas com lugares molhados por outras pessoas: fresca!). Das termas para o almoço havia uma subidinha, nada íngreme e foi aí que veio a pior sensação que já senti na vida. A somatória da altitude, corpo relaxado da água quente e esforço físico foi horrível, passei muito mal, quase desmaiei (nunca desmaiei na vida, sou bem resistente), cabeça parecia que ia explodir. Fiquei meia hora na escada pensando que seria meu último suspiro de vida. Todas as seis pessoas do nosso grupo passaram mal e eu não fui a que ficou pior! Por isso, meu conselho é ter muita cautela ao entrar nas termas!
Depois do primeiro dia a gente vai descendo, a dor de cabeça se conservou em alguns outros pontos e conforme precisava de esforço físico o ar faltava. Por isso, não seja que nem eu, não subestime seu corpo na altitude, mastigue coca, tome chá, compre remédios!
Condições adversas

Lembre-se que você vai estar expostos a muitas coisas no caminho: altitude, vento, falta de oxigênio, cheiro de enxofre dos gêiseres, cuspida de vicuña, pedras soltas, lugares que resvalam, água fria, gelo, carro que balança, sol forte, entre outras coisas. É preciso ir de mente aberta, porque apesar de tudo isso, as paisagens são lindas, as pessoas no caminho te fazem repensar o que é felicidade e a conexão com as histórias e os lugares é única!
Por último, fui com uma amiga porque coincidimos as datas por puro acaso. Mas, para quem é viajante a solas como eu, se você fecha com a empresa certa, não é nenhum problema fazer a viagem sozinha, já que depois de três dias intensos juntos, você cria um elo indescritível com as pessoas que estão no seu grupo, difícil é dizer adeus!

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